terça-feira, junho 26, 2007

Síndrome de Burnout

Recebi esta mensagem por e-mal de um colega professor. Este assunto vem sendo debatido no grupo de professores da rede de ensino em que trabalho e no próprio PEAD. Vale a pena ler e discutir, pois precisamos descobrir novos caminhos para que o professor sobreviva...

Professor
Como vai a saúde do mestre?

Por Anriet Barros de Siqueira e Mira Carla Prado de Noronha
“Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia(...)(...) A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado”. Marina Colassanti

Com o trecho destacado acima vamos iniciar uma conversa com os educadores e refletir sobre como anda o cotidiano do ponto de vista da saúde desses profissionais tão essenciais. Uma pesquisa recém concluída pela Fiocruz, em parceria com Sindicato Estadual dos Profissionais de Ensino (Sepe), revela que os problemas psiquiátricos são a principal causa de afastamento dos profissionais das salas de aula com um total de 26,8% dos casos. Outro levantamento, realizado pela Universidade de Brasília (UnB) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), revela que a síndrome denominada “Burnout” está afetando os profissioanis de ensino e fazendo com que haja uma perda de entusiasmo pela profissão. Segundo a pesquisadora do laboratório de psicologia da Universidadede Brasília (UnB), Ivone Velasques Menezes, o profissional, principalmente o professor, deixa de ver sentido em suas ações, passando a considerar qualquer esforço inútil. Dentre os motivos que conduzem ao Burnout está a impotência diante da falta de reconhecimento e das condições de trabalho.Três são os fatores considerados pelos pesquisadores quando se trata da síndrome Burnout, sendo necessário apenas a presença de um deles para que se sofra da síndrome.
Os fatores são:
1 - alta exaustão emocional
2 - baixo envolvimento com o trabalho
3 - despersonalização com mudanças bruscas de humor
De acordo com os estudos, as causas mais freqüentes para o adoecimento dos profissionais são jornadas múltiplas de trabalho (um mesmo profissional chega a trabalhar em até cinco escolas), cobranças por parte da sociedade que faz com que os profissionais além de desprestigiados sintam-se desprezados e também, segundo o psicanalista Alexandre Catalin, a baixa auto-estima dos profissionais que escolheram como ofício a educação.
Ficam aqui agora questões que não pedem respostas imediatas, mas reflexão e cuidados constantes:
- Será que você, professor, está de fato apto a responsabilizar-se por lecionar para tantos alunos nas condições em que se encontra?
- Será que você, apesar das dificuldades, desempenha seu ofício com alegria, mantendo um estado de esperança e trabalhando pela mudança para melhor?
- Será que você está convicto de que a mudança é possível e que é necessário o esforço sério de reflexão e críticas que produzam ações competentes?
- Será que você acredita e confia em seus próprios valores e na relação ensino/ aprendizagem, com ética e estética, respeitando o educando e tomando para si este lugar no qual com humildade admite não saber tudo e com dignidade esforça-se por saber sempre mais?
Paulo Freire, educador e pensador que produziu estudos de extrema relevância para os que se dedicam à educação, nos fala que o ensinar traz consigo uma série de exigências, entre elas: humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos professores, alegria, esperança e convicção de que a mudança é possível.
Para que se cumpram estas exigências é necessário um esforço realmente comprometido com atitudes embasadas por reflexões críticas contextualizadas para que o fazer não seja mera repetição de ações e de palavras de acomodação com a situação grave que vivem os profissionais de educação, mas também, força motriz que age em prol da valorização da qualidade de vida e da educação para todos.