A prática pedagógica precisa apresentar seu foco no aluno, sob uma perspectiva construcionista. Uma nova forma de aprender tem como princípios a curiosidade, o entusiasmo, a motivação e o diálogo, para alunos e professores. A aprendizagem ocorre a partir da interação e da participação, em um espaço afetivo e confiável. Conforme Maria Bianconcini de Almeida, em seu artigo sobre a pedagogia de projetos, experiências de sucesso têm sido registradas a partir da exploração de conceitos como a construção do conhecimento, a interação e a aprendizagem colaborativa. Um exemplo da integração das mídias ao espaço escolar é o surgimento de rádios conduzidas pelos próprios alunos, na hora do intervalo, com a criação de programas, escolha de repertório, entrevistas e toques sobre cultura ou atividades na comunidade. Na criação da rádio, na instalação de equipamentos, na escolha dos comunicadores e nas mensagens veiculadas, pode-se verificar o envolvimento dos alunos, seu empenho em alcançar os objetivos traçados pelo grupo, assim como deixar sua marca pessoal e ocupar o espaço disponível da melhor forma possível. O pbwiki, os blogs e fotologs também poderiam ser um espaço de criação coletiva e socialização de aprendizagem, se todos os alunos tivessem acesso e o espaço pudesse ser explorado constantemente, com a orientação do professor.
O principal questionamento em relação à utilização das mídias no espaço escolar se refere à prática pedagógica do professor. Este professor está pronto para utilizar as mídias para promover um processo de aprendizagem flexível e interativo? Ou ele apenas reproduz no virtual o mesmo modelo centralizador de aprendizagem?
A utilização das mídias deve ser algo natural como a utilização da escrita e da fala para a comunicação. O professor se torna um midia-educador à medida que reconhece a importância do domínio tanto sócio-lingüístico quanto pragmático e comunicacional destas ferramentas amplamente utilizadas pela sociedade moderna. A sala de aula precisa refletir esta nova forma de ver o conhecimento e a aprendizagem.
Em relação às constantes mudanças que os avanços tecnológicos impõem a escola e aos professores, destaco duas notas do jornal Correio do Povo, de 23 de dezembro de 2007: 1 - Sul integra os sistemas para qualificar o EAD (Conforme Sônia Veríssimo, “a modalidade EAD não é nova, mas tem um longo caminho pela frente, para deixar de ser um ensino de segunda categoria” – mais informações http://www.ceed.rs.gov.br/ ). 2- A bem-vinda expansão da internet no país (“A rede será levada pelas próprias operadoras até as escolas públicas nos municípios, num número que gira em torno de 55 mil, a totalidade dessas escolas no país. A internet deverá ser fornecida gratuitamente no período de 18 anos”-editorial). Estas duas notícias se referem diretamente a nossa área de atuação e a nossa formação como educadores. Novas possibilidades se apresentam e como educadores precisamos ter uma visão completa desta realidade para utilizá-la da melhor maneira possível e corrigir os possíveis problemas que possam ocorrer. A escola precisa estar aberta e promover o acesso à informação e à produção do conhecimento de forma livre e democrática.
domingo, dezembro 14, 2008
A virada
“Folha de São Paulo, 30/11/2007 – Para psicóloga, o atual modelo de ensino está falido; escola se preocupa que alunos aprendam conteúdo em vez de priorizar o conhecimento. ‘Qualquer coisa é melhor que a escola formal de hoje; pior do que está não fica’”. Este é o depoimento da psicóloga Rosely Saião, consultora em educação, para a Sabatina da Folha. Eu não sou tão otimista quanto Rosely, pois, como diz o ditado, nada está tão ruim que não possa piorar. Mas não sou adepta da política da terra arrasada. A escola, apesar de tantos desmandos e precariedades, tenta cumprir sua missão, tenta mudar, tenta se renovar e criar soluções para toda a gama de problemas que precisa enfrentar.
O avanço tecnológico e o processo de globalização foram fatores determinantes para mudanças na sociedade e nas relações humanas em diversos níveis. O professor precisa compreender tais mudanças, vivenciá-las e da melhor maneira possível, conectar-se ao mundo da informação, da comunicação e do conhecimento.
Neste novo espaço, virtual e real, surge a necessidade de novas redes de conhecimento e de acesso à informação. Para este novo espaço se constituir nas escolas são imprescindíveis a modernização (implantação da infra-estrutura) e a mudança pedagógica(novos paradigmas educacionais).
Num conto de José Saramago, um homem procura uma ilha desconhecida, sonha com ela e deseja encontrá-la. O interessante é que, por ser desconhecida, ele não pode descrevê-la, nem indicar seu caminho, nem encontrá-la no mapa: ela é desconhecida! Precisa enfrentar os incrédulos, precisa de um barco, precisa de marinheiros e de companhia...
Nós professores também procuramos algo, não sabemos como é pois não conhecemos, não podemos descrever, pois nunca vimos, não sabemos como encontrar, pois seu caminho não está em nenhum mapa. Sabemos que não podemos dizer, mas desejamos alcançar. Uma escola desconhecida, que não está nos livros, nem na memória, mas que ainda existe para ser construída, conhecida, descoberta.
O avanço tecnológico e o processo de globalização foram fatores determinantes para mudanças na sociedade e nas relações humanas em diversos níveis. O professor precisa compreender tais mudanças, vivenciá-las e da melhor maneira possível, conectar-se ao mundo da informação, da comunicação e do conhecimento.
Neste novo espaço, virtual e real, surge a necessidade de novas redes de conhecimento e de acesso à informação. Para este novo espaço se constituir nas escolas são imprescindíveis a modernização (implantação da infra-estrutura) e a mudança pedagógica(novos paradigmas educacionais).
Num conto de José Saramago, um homem procura uma ilha desconhecida, sonha com ela e deseja encontrá-la. O interessante é que, por ser desconhecida, ele não pode descrevê-la, nem indicar seu caminho, nem encontrá-la no mapa: ela é desconhecida! Precisa enfrentar os incrédulos, precisa de um barco, precisa de marinheiros e de companhia...
Nós professores também procuramos algo, não sabemos como é pois não conhecemos, não podemos descrever, pois nunca vimos, não sabemos como encontrar, pois seu caminho não está em nenhum mapa. Sabemos que não podemos dizer, mas desejamos alcançar. Uma escola desconhecida, que não está nos livros, nem na memória, mas que ainda existe para ser construída, conhecida, descoberta.
Tecnologias de informação e comunicação na educação
Seres humanos interagem entre si e com o meio através dos sentidos e dele recebem estímulos que, re-significados, o humanizam. O poder intelectual humano não tem limites e, como afirma o professor José Manuel Moran, podemos ser abertos, flexíveis, criativos e construir um “universo sensorial, afetivo e ético” a partir de nossas experiências e vivências. Novas tecnologias, novos suportes e uma intensa produção/representação simbólica e intelectual, constituem elemento essencial da cultura humana. Então, como impedir que uma criança em desenvolvimento tenha contato com boa parte da produção cultural da época em que vive e que hoje está disponível através destas tecnologias?
Parece óbvio que uma televisão não deva ser o agente educador de uma criança, ou que os estímulos que esta criança receba provenham apenas de emissoras de TV interessadas no consumo e no lucro, sem compromisso algum com sua individualidade ou pleno desenvolvimento. É preciso saber como lidar com estas tecnologias, aproveitando-as da melhor forma possível em nossas vidas, sem deixar de refletir sobre suas influências e principalmente compreender suas estratégias de comunicação.
Quando aprendemos a escrever, dominamos um código, com o tempo compreendemos seu uso, percebemos sutilezas e intenções, nos alfabetizamos e nos letramos. Ao ter contato com diferentes mídias, aprendemos também suas sutilizas, podemos descobrir suas estratégias e, assim, conscientemente, reelaborar vivências e experiências. A comunicação pressupõe um contexto e interlocutores - ao ler os textos apresentados nesta tarefa, por exemplo, procurei saber quem são estes professores, de que lugar eles falam.
“Os meios de comunicação, principalmente a televisão, desenvolvem formas sofisticadas multidimensionais de comunicação sensorial, emocional e racional, superpondo linguagens e mensagens, que facilitam a interação, com o público.”
“A força da linguagem audiovisual está em que consegue dizer muito mais do que captamos”. Moran, então, nos aconselha, como educadores, a aprender com as novas mídias e com a própria televisão a usar estes recursos de forma construtiva e crítica, a fim de integrar a escola com a vida, de forma consciente e responsável.
Parece óbvio que uma televisão não deva ser o agente educador de uma criança, ou que os estímulos que esta criança receba provenham apenas de emissoras de TV interessadas no consumo e no lucro, sem compromisso algum com sua individualidade ou pleno desenvolvimento. É preciso saber como lidar com estas tecnologias, aproveitando-as da melhor forma possível em nossas vidas, sem deixar de refletir sobre suas influências e principalmente compreender suas estratégias de comunicação.
Quando aprendemos a escrever, dominamos um código, com o tempo compreendemos seu uso, percebemos sutilezas e intenções, nos alfabetizamos e nos letramos. Ao ter contato com diferentes mídias, aprendemos também suas sutilizas, podemos descobrir suas estratégias e, assim, conscientemente, reelaborar vivências e experiências. A comunicação pressupõe um contexto e interlocutores - ao ler os textos apresentados nesta tarefa, por exemplo, procurei saber quem são estes professores, de que lugar eles falam.
“Os meios de comunicação, principalmente a televisão, desenvolvem formas sofisticadas multidimensionais de comunicação sensorial, emocional e racional, superpondo linguagens e mensagens, que facilitam a interação, com o público.”
“A força da linguagem audiovisual está em que consegue dizer muito mais do que captamos”. Moran, então, nos aconselha, como educadores, a aprender com as novas mídias e com a própria televisão a usar estes recursos de forma construtiva e crítica, a fim de integrar a escola com a vida, de forma consciente e responsável.
Prazer em conhecer
Auto-retrato
Meu nome é Cristina, vivo em São Leopoldo, cidade em que nasci. Sou aluna do curso de Especialização em Tutoria em EAD da UFRGS e trabalho como tutora do pólo do Curso de Pedagogia, modalidade a distância. Espero participar das discussões e colaborar com propostas para a escola pública, que precisa com urgência ter sua prática renovada.
Trechos do Auto-retrato:
1. Qual a sua idéia de um domingo perfeito? Dormir até tarde, sair para passear sem compromisso, conversar e tomar chimarrão.
2. O que faz para espantar a tristeza?Assistir a um dvd do Nando Reis que eu adoro.
3. O que dispara seu lado consumista? Livros poket.
4. Qual a palavra mais bonita língua portuguesa? Felicidade.
5. Que livro você mais cita? “As cousas são não tem significação: têm existência/As cousas são o único sentido oculto das cousas”... Poemas de Fernando Pessoa.
6. Que filme você sempre quer rever? Gigante, como o Inter conquistou o Mundo.
7. Um gosto inusitado. Ver futebol na televisão.
8. Um elogio inesquecível. Uma aluna que escolheu ser professora inspirada por meu exemplo. Encontrei-a depois de quinze anos e ela fez questão de me falar, com orgulho.
9. Em que outra profissão consegue se imaginar? Fotógrafa.
10. O que você estará fazendo daqui a 10 anos? Estudando, ensinando, amando, aproveitando a vida...
Meu nome é Cristina, vivo em São Leopoldo, cidade em que nasci. Sou aluna do curso de Especialização em Tutoria em EAD da UFRGS e trabalho como tutora do pólo do Curso de Pedagogia, modalidade a distância. Espero participar das discussões e colaborar com propostas para a escola pública, que precisa com urgência ter sua prática renovada.
Trechos do Auto-retrato:
1. Qual a sua idéia de um domingo perfeito? Dormir até tarde, sair para passear sem compromisso, conversar e tomar chimarrão.
2. O que faz para espantar a tristeza?Assistir a um dvd do Nando Reis que eu adoro.
3. O que dispara seu lado consumista? Livros poket.
4. Qual a palavra mais bonita língua portuguesa? Felicidade.
5. Que livro você mais cita? “As cousas são não tem significação: têm existência/As cousas são o único sentido oculto das cousas”... Poemas de Fernando Pessoa.
6. Que filme você sempre quer rever? Gigante, como o Inter conquistou o Mundo.
7. Um gosto inusitado. Ver futebol na televisão.
8. Um elogio inesquecível. Uma aluna que escolheu ser professora inspirada por meu exemplo. Encontrei-a depois de quinze anos e ela fez questão de me falar, com orgulho.
9. Em que outra profissão consegue se imaginar? Fotógrafa.
10. O que você estará fazendo daqui a 10 anos? Estudando, ensinando, amando, aproveitando a vida...
terça-feira, setembro 18, 2007
Senhora Maria Amélia
Na semana passada, um jornal local publicou uma reportagem sobre uma senhora que ganhou um blog de presente de seu neto. Que grande idéia! Ela está escrevendo e registrando bons momentos que vive em família e seus pensamentos sobre esta época que vivemos, sob o ponto de vista de quem tem experiência para opinar.
O endereço é http://www.amis95.blogspot.com e ela se chama Maria Amélia.
Ao acessar este endereço, fiquei pensando em quantas pessoas da minha geração têm dificuldades em aproveitar a infinidade de recursos que a web proporciona e, então, conheço a pimeira senhora de 95 anos multimídia, pois ela está não só na web, mas nos jornais e até na televisão...
Essa senhora nos dá uma lição. Não só por usar a internet, tentar dominar a tecnologia, mas por ocupar um espaço que está disponível, sem medo de ser e de mostrar quem ela é.
O endereço é http://www.amis95.blogspot.com e ela se chama Maria Amélia.
Ao acessar este endereço, fiquei pensando em quantas pessoas da minha geração têm dificuldades em aproveitar a infinidade de recursos que a web proporciona e, então, conheço a pimeira senhora de 95 anos multimídia, pois ela está não só na web, mas nos jornais e até na televisão...
Essa senhora nos dá uma lição. Não só por usar a internet, tentar dominar a tecnologia, mas por ocupar um espaço que está disponível, sem medo de ser e de mostrar quem ela é.
terça-feira, junho 26, 2007
Síndrome de Burnout
Recebi esta mensagem por e-mal de um colega professor. Este assunto vem sendo debatido no grupo de professores da rede de ensino em que trabalho e no próprio PEAD. Vale a pena ler e discutir, pois precisamos descobrir novos caminhos para que o professor sobreviva...
Professor
Como vai a saúde do mestre?
Por Anriet Barros de Siqueira e Mira Carla Prado de Noronha
“Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia(...)(...) A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado”. Marina Colassanti
Com o trecho destacado acima vamos iniciar uma conversa com os educadores e refletir sobre como anda o cotidiano do ponto de vista da saúde desses profissionais tão essenciais. Uma pesquisa recém concluída pela Fiocruz, em parceria com Sindicato Estadual dos Profissionais de Ensino (Sepe), revela que os problemas psiquiátricos são a principal causa de afastamento dos profissionais das salas de aula com um total de 26,8% dos casos. Outro levantamento, realizado pela Universidade de Brasília (UnB) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), revela que a síndrome denominada “Burnout” está afetando os profissioanis de ensino e fazendo com que haja uma perda de entusiasmo pela profissão. Segundo a pesquisadora do laboratório de psicologia da Universidadede Brasília (UnB), Ivone Velasques Menezes, o profissional, principalmente o professor, deixa de ver sentido em suas ações, passando a considerar qualquer esforço inútil. Dentre os motivos que conduzem ao Burnout está a impotência diante da falta de reconhecimento e das condições de trabalho.Três são os fatores considerados pelos pesquisadores quando se trata da síndrome Burnout, sendo necessário apenas a presença de um deles para que se sofra da síndrome.
Os fatores são:
1 - alta exaustão emocional
2 - baixo envolvimento com o trabalho
3 - despersonalização com mudanças bruscas de humor
De acordo com os estudos, as causas mais freqüentes para o adoecimento dos profissionais são jornadas múltiplas de trabalho (um mesmo profissional chega a trabalhar em até cinco escolas), cobranças por parte da sociedade que faz com que os profissionais além de desprestigiados sintam-se desprezados e também, segundo o psicanalista Alexandre Catalin, a baixa auto-estima dos profissionais que escolheram como ofício a educação.
Ficam aqui agora questões que não pedem respostas imediatas, mas reflexão e cuidados constantes:
- Será que você, professor, está de fato apto a responsabilizar-se por lecionar para tantos alunos nas condições em que se encontra?
- Será que você, apesar das dificuldades, desempenha seu ofício com alegria, mantendo um estado de esperança e trabalhando pela mudança para melhor?
- Será que você está convicto de que a mudança é possível e que é necessário o esforço sério de reflexão e críticas que produzam ações competentes?
- Será que você acredita e confia em seus próprios valores e na relação ensino/ aprendizagem, com ética e estética, respeitando o educando e tomando para si este lugar no qual com humildade admite não saber tudo e com dignidade esforça-se por saber sempre mais?
Paulo Freire, educador e pensador que produziu estudos de extrema relevância para os que se dedicam à educação, nos fala que o ensinar traz consigo uma série de exigências, entre elas: humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos professores, alegria, esperança e convicção de que a mudança é possível.
Para que se cumpram estas exigências é necessário um esforço realmente comprometido com atitudes embasadas por reflexões críticas contextualizadas para que o fazer não seja mera repetição de ações e de palavras de acomodação com a situação grave que vivem os profissionais de educação, mas também, força motriz que age em prol da valorização da qualidade de vida e da educação para todos.
Professor
Como vai a saúde do mestre?
Por Anriet Barros de Siqueira e Mira Carla Prado de Noronha
“Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia(...)(...) A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado”. Marina Colassanti
Com o trecho destacado acima vamos iniciar uma conversa com os educadores e refletir sobre como anda o cotidiano do ponto de vista da saúde desses profissionais tão essenciais. Uma pesquisa recém concluída pela Fiocruz, em parceria com Sindicato Estadual dos Profissionais de Ensino (Sepe), revela que os problemas psiquiátricos são a principal causa de afastamento dos profissionais das salas de aula com um total de 26,8% dos casos. Outro levantamento, realizado pela Universidade de Brasília (UnB) e pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), revela que a síndrome denominada “Burnout” está afetando os profissioanis de ensino e fazendo com que haja uma perda de entusiasmo pela profissão. Segundo a pesquisadora do laboratório de psicologia da Universidadede Brasília (UnB), Ivone Velasques Menezes, o profissional, principalmente o professor, deixa de ver sentido em suas ações, passando a considerar qualquer esforço inútil. Dentre os motivos que conduzem ao Burnout está a impotência diante da falta de reconhecimento e das condições de trabalho.Três são os fatores considerados pelos pesquisadores quando se trata da síndrome Burnout, sendo necessário apenas a presença de um deles para que se sofra da síndrome.
Os fatores são:
1 - alta exaustão emocional
2 - baixo envolvimento com o trabalho
3 - despersonalização com mudanças bruscas de humor
De acordo com os estudos, as causas mais freqüentes para o adoecimento dos profissionais são jornadas múltiplas de trabalho (um mesmo profissional chega a trabalhar em até cinco escolas), cobranças por parte da sociedade que faz com que os profissionais além de desprestigiados sintam-se desprezados e também, segundo o psicanalista Alexandre Catalin, a baixa auto-estima dos profissionais que escolheram como ofício a educação.
Ficam aqui agora questões que não pedem respostas imediatas, mas reflexão e cuidados constantes:
- Será que você, professor, está de fato apto a responsabilizar-se por lecionar para tantos alunos nas condições em que se encontra?
- Será que você, apesar das dificuldades, desempenha seu ofício com alegria, mantendo um estado de esperança e trabalhando pela mudança para melhor?
- Será que você está convicto de que a mudança é possível e que é necessário o esforço sério de reflexão e críticas que produzam ações competentes?
- Será que você acredita e confia em seus próprios valores e na relação ensino/ aprendizagem, com ética e estética, respeitando o educando e tomando para si este lugar no qual com humildade admite não saber tudo e com dignidade esforça-se por saber sempre mais?
Paulo Freire, educador e pensador que produziu estudos de extrema relevância para os que se dedicam à educação, nos fala que o ensinar traz consigo uma série de exigências, entre elas: humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos professores, alegria, esperança e convicção de que a mudança é possível.
Para que se cumpram estas exigências é necessário um esforço realmente comprometido com atitudes embasadas por reflexões críticas contextualizadas para que o fazer não seja mera repetição de ações e de palavras de acomodação com a situação grave que vivem os profissionais de educação, mas também, força motriz que age em prol da valorização da qualidade de vida e da educação para todos.
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